terça-feira, 26 de setembro de 2017

Viver semeando



Viver semeando
Morema T. Soares

O próprio vento ao passar pelas fazendas deixa atrás de si os seus sinais.
As caravanas dos desertos deixam suas marcas e sinais nas areias.
As chuvas caindo deixam atrás de si esperanças semeadas. Sementes germinadas. Flores desabrochadas
O Sol, que passa no firmamento deixa atrás de si: calor, vida, luz e muita alegria.
E eu ? O que estou deixando atrás de mim ?
Não quero deixar apenas os sinais dos meus pés gravados em pedras, no chumbo ou no bronze.
Quero deixar mais do que palavras e lembranças...
Quero deixar minha vida,
meu corpo, minhas idéias, meus planos a serviço de meus irmãos.
Não quero ser uma tempestade que deixou atrás de si mortes,
destroços, sofrimentos, dores e lágrimas.
Quero ser o sol belo, fecundo, claro, cheio de fogo e calor que deixou atrás de si um dia repleto de paz, de amor, de calor de vida e luz.
Não quero ser a ventania levantando poeira, confundindo os peregrinos...
Não quero também atirar pedras em ninguém, nem lama na face de meus irmãos...
Quero passar a vida semeando, fazendo o bem.
Se não deixar obras gravadas em livros, em telas, nem em pedras, deixarei um gesto de amizade, um perdão, uma palavra de paz, um gesto de fé e de esperança.
Se não conseguir ser um artista, nem um pintor
com amor darei um pedaço de pão, um aperto de mão aos necessitados
e minha mensagem terá sido uma semente lançada no mundo.
Direi uma palavra a menos em hora de perturbação.
Direi uma palavra a mais na hora da paz, da felicidade.
Então terei deixado no mundo mais do que uma coleção,
uma galeria de artes e de esculturas.
Terei deixado no mundo esculpido a imagem de alguém que quis amar, que desejou e se esforçou para ser alguém idealista, corajoso e forte.
Serei uma pessoa que passou pelo mundo semeando

Deus em gestos e testemunhos.