sexta-feira, 18 de junho de 2010

Um encontro com o Coração de Jesus



O mês de junho nos convida a um olhar especial ao coração de Jesus. Depois de mais de dois mil anos, Jesus continua com sua embaraçosa pergunta: “Quem dizeis que eu sou?”

É difícil responder, pois não deixou nenhuma foto, filme ou vídeo cassete, no entanto, é possível reconstituir seu rosto, nitidamente expresso na única autêntica tela: os Evangelhos.
Voltemos nosso olhar à sensibilidade do seu ouvido e de seu coração.
Ele escutava o Pai; escutava o lamento dos povos; os pedidos silenciosos dos doentes; do paralítico; do Zaqueu; da hemorroíssa que discretamente puxara a orla do seu manto; os pedidos ingênuos e por vezes, importunos, dos discípulos,; o desabafo amargo dos dois de Emaús.

Jesus é Deus sim, mas também em tudo como nós, porque não só o nosso aspecto físico exterior, como também, igualmente os nossos sentimentos; nossa sensibilidade e as nossas paixões. Como nós experimentou ansiedades, medos, tristezas, angústias, e sentiu “terror e pavor” diante da morte (Mc 14, 34). Gozou os carinhos do afeto e sofreu as desilusões do abandono e da traição. Tudo como nós, exceto o pecado (Hb 4, 15).

Jesus não fica indiferente à situação social e econômica que obriga tantas pessoas do seu povo a viver em condições subumanas. Intervém... Seu coração escuta... sente... estende a mão, toca, cura as pessoas.

Jesus é o Filho de Deus vivo, nascido da Virgem Maria e que veio ao mundo para nos salvar; verdadeiro Deus, segunda pessoa da Santíssima Trindade.

Diante de tanta sensibilidade e compaixão de Jesus, sou convidado/a a ver a minha história pessoal e familiar, a história da humanidade em suas diferentes etapas; a história do nosso continente, marcado pelo sofrimento e pela opressão; nosso país, com sua pobreza e riqueza; a nossa comunidade, formada de pessoas com suas contradições e belezas; o lugar de nosso trabalho, com seus desafios, são um permanente convite a prestar atenção aos sinais e apelos do Mestre Jesus.

O mundo está repleto dos sinais da presença amorosa de Deus. Ele tem um jeito especial de tocar nosso coração, a nossa vida.

Tome um tempo para louvar o Senhor pelas expressões de fidelidade que você viveu e vive. Agradeça a Deus os sinais de sua bondade em você e nas outras pessoas.

Coração de Cristo ouve o nosso grito: Um coração novo para um mundo novo vimos te pedir, todos precisamos... Haja paz na terra, reine a justiça, nós te suplicamos.

Repita no silêncio do seu coração ou mesmo cantando: “Quero cantar ao Senhor, sempre enquanto eu viver. Hei de provar seu amor, seu valor e seu poder”.
Ir. Teresa Cristina Potrick, ISJ

terça-feira, 1 de junho de 2010

As asas do Espírito Santo


As asas do Espírito Santo

É bom lembrar que o Espírito Santo não é pomba e nem tem asas; é Espírito, portanto, não tem forma e nem corpo.
O Deus em quem acreditamos é um Deus em três pessoas distintas e divinas: Pai, filho e Espírito Santo, a Santíssima Trindade, porém um só Deus.
Não podemos reduzir o Espírito Santo à figura de uma pomba branquinha e sossegada, como diz, Dom Pedro Casaldáliga. É importante lembrar que ele tem duas asas. “De um lado, nos leva à oração, à interiorização, à paz. De outro, leva-nos à ação, ao compromisso, à luta”.
O mesmo Espírito Santo nunca nos leva às nuvens, à indiferença, à omissão. Ele é o Espírito da Verdade que nos ensinará tudo. “ quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade” ( Jo 16, 13 ).
O Espírito é luz, é vida é força. O “trabalho” do Espírito consiste em nos mover, conduzir, levar-nos aos tempos e lugares onde a presença é necessária para construir o Reino de Deus.
É obra do Espírito Santo mover-nos internamente, desinstalar-nos, converter-nos transformar nossos corações e pedra em coração de carne , (Ez 11, 19).
O texto de Lc 4, 14 – 19, marca o início da vida Pública de Jesus; aí podemos entender como o Espírito Santo é “agitador” e “subversivo”, debelador da injustiça e opressão, o “ revolucionador do mundo”.
“Jesus voltou para a Galilé4ia, com a força do Espírito Santo aí Jesus torna público o seu Projeto de vida, que é o Projeto do Pai. Jesus se apropria das palavras de Is 61, 1- 2; “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres, curar os corações doloridos, etc.
Com a força do Espírito Santo, Jesus parte para sua missão de evangelizador dos pobres e libertador do mundo.
No seu Magnificat, Maria plena do Espírito Santo, canta a queda dos poderosos... e a exaltação dos humildes.
No dia de Pentecostes os primeiros discípulos, sacudidos e impulsionados pela força do Espírito Santo, vencem o medo e enfrentam os grandes e poderosos, testemunham corajosamente o Cristo Ressuscitado.
O Espírito santo não se reduz a uma pomba branquinha e sossegada, tranqüila, acomodada... isto seria cortar a asa esquerda do compromisso e da ação, da libertação e da luta. Não vamos cortar a outra asa: aquela da oração, do silêncio, da paz.
Sem dúvida, nós queremos o Espírito santo atuando em nós com as duas asas. Caso contrário não é mais o Espírito de Jesus.
Nós também fomos ungidos, consagrados e enviados em missão. Somos enviados a construir um mundo novo, novas relações, novo modo de perceber: olhar o mundo com olhos diferentes, com os olhos de Deus, pois “o Espírito Santo foi derramado em nossos corações...”
“Darei para vocês um coração novo e colocarei dentro de vocês o meu Espírito, para fazer com que vocês vivam conforme o meu sonho, o meu Projeto.
Para que isso aconteça, é necessário deixar que o Espírito Santo atue em nós com as duas asas, conforme foi dito acima. Deixemo-nos conduzir pelo impulso das duas asas, abraçando a terra e o céu, o Pai e os irmãos...

Fonte: As duas asas do Espírito Santo: ( D. Pedro Casaldáliga)
Revista: Sem fronteiras – Agosto/89.