domingo, 31 de agosto de 2014



É preciso amar e perdoar em plenitude!

Perdoar a quem te feriu é um escândalo ou motivo de chacota para muita gente, pois, aos olhos humanos, parece injustiça e fraqueza. Muito se fala em perdão, mas pouco se vive o perdão.
O perdão é sempre louvável quando acontece com os outros: o Papa João Paulo II perdoou o atirador, que lindo! O pai perdoou o assassino da filha, que lindo! Mas quando é com você a coisa é diferente:
Ah comigo não tem perdão; nunca mais quero ver aquele que me magoou; nunca mais chegará perto da minha casa ou da minha família; comigo é assim: se me trata bem eu trato bem, mas se me trata mal eu odeio.
E assim a pessoa torna-se cada vez mais escrava de suas próprias promessas, afinal como alguém que jurou publicamente que jamais perdoaria irá se “rebaixar”?
Contudo, passa cada vez mais a querer justificar a sua atitude de não perdoar: fui muito ofendida(o) e magoada(o). Supervaloriza a situação ao máximo: aumenta, distorce e mente, sempre com o intuito de conseguir a aprovação dos outros para aquela atitude errada. O pior é que essas pessoas sempre vão ao encontro de pessoas, que assim como elas, cultivam a falta de perdão e o rancor, pois na verdade elas não querem uma opinião verdadeira que as façam refletir, elas precisam ser aceitas, precisam da auto-afirmação de que estão certas, mesmo que isso seja mentira.
Se alguém diz algo contrário, elas simplesmente criticam ou se afastam da pessoa, porque não querem ouvir a verdade, preferem o que é mais agradável e sempre é mais agradável, humanamente falando, ouvir que estamos certos.
Essa é a primeira diferença de quem perdoa e de quem não perdoa. Quem perdoa está preocupado em agradar a Deus, quem não perdoa está preocupada em agradar a si mesmo e aos outros.
Outra diferença não é a situação vivida, nenhuma situação é igual a outra e nenhuma pessoa é igual a outra, a diferença fundamental é o amor! E ninguém é capaz de dar aquilo que não se tem. Só é capaz de amar quem está repleto de amor! Só é capaz de perdoar quem está repleto de perdão! Quem está repleto de amor, perdoa e quem está repleto de perdão, ama. Amor e Perdão andam juntos. Amor e Perdão não são como o óleo e o vinagre que não se misturam, o Amor e o Perdão se fundem. Quem acha que é capaz de amar sem perdoar ou de perdoar sem amar engana-se a si mesmo.
O Papa João Paulo II, o pai e tantos outros só foram capazes de perdoar porque estavam repletos de Deus e de amor, pois Deus é amor!(cf I Jo 4, 16) Perdoaram porque tinham o desejo sincero de seguir os passos de Cristo: 
“Este é o meu mandamento:
amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”. ( Jo 15, 12)
Só quem vive do amor de Deus fonte de perdão e paz é capaz de perceber que perdoar é escolher não pagar na mesma moeda; é desejar o bem; é orar àquele que te feriu. O próprio Jesus nos ensinou isso: “Ora, eu vos digo: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem”. (Mt 5,44)
Oração: 
Senhor, ensina-me a amar e perdoar;
Senhor, ensina-me a ser humilde;
Senhor, ensina-me a renunciar;
Senhor, ensina-me a seguir os teus passos com fidelidade.
Sim, Senhor, eu quero viver minha vida conforme a tua palavra;
Sim, Senhor, eu quero optar infinitamente pelo perdão e pelo amor;
Sim, Senhor, eu escolho a vida e não a morte.
Vem em meu auxílio, Senhor, pois sou fraco e pecador;
Tu és minha força, em ti desfaleço o meu viver;
Guia-me, Senhor, conforme a tua vontade. Amém!
Autor desconhecido



Deus é Pai

Quando o sol ainda não havia cessado seu brilho,
quando a tarde engolia aos poucos
as cores do dia e despejava sobre a terra
os primeiros retalhos de sombra
Eu vi que Deus veio assentar-se
perto do fogão de lenha da minha casa.

Chegou sem alarde, retirou o chapéu da cabeça
e buscou um copo de água no pote de barro
que ficava num lugar de sombra constante.

Ele tinha feições de homem feliz, realizado
parecia imerso na alegria que é própria
de quem cumpriu a sina do dia e que agora
recolhe a alegria cotidiana que lhe cabe.

Eu o olhava e pensava:
Como é bom ter Deus dentro de casa!
Como é bom viver essa hora da vida
em que tenho direito de  ter um Deus só pra mim.
Cair nos seus braços, bagunçar-lhe os cabelos,
puxar a caneta do seu bolso
e pedir que ele desenhasse um relógio
bem bonito no meu braço...

Mas aquele homem não era Deus,
aquele homem era meu pai.
E foi assim que eu descobri
que meu pai com o seu jeito finito de ser Deus
revela-me Deus
com seu
jeito infinito de ser homem.

Pe. Fábio de Melo