Nosso horizonte é
o próprio Deus
“ Vocês são a luz do mundo”! (Mt 5, 14).
“Brilhe sempre uma luz no coração daquele que
acredita na força da vida”. Rm 8,12
Por
natureza, nós seres humanos somos terra e luz que Deus misturou ambas com
carinho e beijou-as. Somos, portanto, terra iluminada e beijada por Deus. Nosso
horizonte não pode ser outro a não ser o próprio Deus.
O
ser humano é um projeto infinito que só tem como polo de referência, o infinito
de Deus. Importa deixar o projeto infinito do ser humano sempre aberto, porque
o ser humano é um projeto infinito.
Somos
chamados/as a mergulhar nas profundezas do nosso ser, naquele lugar secreto
onde só a Grande Luz pode penetrar. A base de toda a sabedoria, de todo o
progresso espiritual e moral está sem dúvida no conhecimento de nós mesmos/as.
Somos luz e trevas. A limitação faz parte de nossa vida. O trigo e o joio
crescem juntos.
Devo conhecer-me
para realizar aquele ajustamento, aquela censura positiva, que fará de mim aquilo
que Deus Pai idealizou: a sua imagem e
semelhança.
Não há oposição
entre o conhecimento de si que a psicologia propõe e o conhecimento de si
mesmo/a que a espiritualidade propõe. Porque uma psicologia que não se abre a
um itinerário espiritual, corre o risco de nos enclausurar e mesmo nos
desesperar.
Assim o que
impressiona um ser humano que entrou neste caminho de transformação é, ao mesmo
tempo, sua grandeza e humildade. Ele sabe que é pó e que ao pó retornará. Mas,
sabe também que é luz e que à luz retornará.
E o que é o ser
humano, senão esta poeira que caminha para a luz e que dança nela? É a este
caminhar, a esta marcha que nós estamos sendo convidados/as a iniciar hoje.
E a vocês
todos/as, desejo uma boa caminhada, um belo itinerário, com cumes e vales a
atravessar. Porque o importante mesmo é caminhar.
Os Exercícios
Espirituais de Santo Inácio nos apontam para dois polos:
1. “O homem é criado
para louvar, reverenciar e servir a Deus Nosso Senhor, e assim, salvar a sua
alma”.
Nesta densa frase
afirma-se a transcendência do ser humano, seu destino eterno enquanto criatura
saída do Criador.
“E as outras
coisas sobre a face da terra são criadas para o homem, para que o ajudem a alcançar
o fim para que é criado”.
2. A “indiferença”:
Atitude necessária para conseguir este fim.
A “indiferença”
nos liberta da afeição desordenada a tudo o que é relativo. Só Deus é o
absoluto! O resto (vida longa, saúde, dinheiro, prestígio) será relativo. A
experiência de um amor maior liberta-nos do poder da sedução das coisas,
tornando-nos “indiferentes”.
Tal “indiferença”
opõe-se ao apego, ao medo ou respeito humano, ao excessivo desejo de agradar a
todos. A “indiferença” ao relativo é consequência da descoberta do amor
prioritário. Senhor, busco a sabedoria, mas vivo na periferia do meu eu.
· Há alguma coisa
que me aprisiona? A que é que me apego?
· Quais são as
verdadeiras motivações do meu agir?
· Sou livre mesmo?
Meu Deus, fazei-me sincero/a.
O Senhor é aquele
que dá valor à minha vida e me faz livre diante do universo. Meu passado, meu
presente e meu futuro são assumidos por Deus: Ele me ama e de tudo tira o bem
(Rm 8, 28 ss: “eleitos a quem chama, justifica e glorifica”).