domingo, 23 de agosto de 2015

Camelo e fundo de uma agulha



Camelo e fundo de uma agulha

“É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico
entrar no Reino dos Céus” (Mt 19 24).

                Estamos diante de um dos discursos duros de Jesus.  O que significa “camelo” e “agulha”? Uma das conclusões a que chegaram os estudiosos era de que “camelo” em grego, significava uma corda grossa com que se amarravam os barcos.
Foi uma tradução equivocada devido a semelhança das palavras: Gamal = camelo em Hebraico. Gamala = corda em Aramaico.
            E a agulha? Dizem que agulha era uma pequena porta nos muros da cidade e os viajantes ao chegarem durante a noite, deixavam os camelos do lado de fora do muro e passavam abaixados por essa porta, porque as outras portas que os camelos usavam ficavam fechadas durante a noite, devido ao perigo de assaltos e roubos.  Essa pequena porta deixada para as pessoas entrarem era impossível ser usada por um camelo.
            O que Jesus querida dizer com a expressão “passar um camelo pelo fundo de uma agulha?  Essas palavras são uma expressão proverbial semelhante a muitas outras usadas no mundo antigo para significar que “era impossível”.
            O propósito de Jesus era levar seus discípulos a entender a completa impossibilidade de alguém, semelhante ao jovem rico, ser salvo enquanto ainda apegado às riquezas. O problema não está na riqueza em si, mas sim, no apego indevido a elas. Mas, quando o ser humano aceita o convite à renúncia de si mesmo, aquilo que é “impossível aos  homens”, se torna possível ao poder transformador da graça divina.
            Seja como for, as palavras nos dizem muitas coisas da comparação de Jesus. Ele queria deixar bem claro que para os ricos, a dificuldade é ainda maior para se alcançar a plenitude da vida, pois para um camelo atravessar o buraquinho da agulha é impossível.
            Devemos entender, hoje, que Jesus se referia às dificuldades apresentadas a uma pessoa apegada, que acumulava bens em excesso. Nos nossos dias, essa passagem pode ser estendida a todos aqueles que não conseguem se livrar de suas maldades, das coisas que estão apegados, sejam eles ricos ou pobres.
            Muitos pobres também são egoístas e avarentos, por isso, não devemos ser maldosos e cruéis com ninguém. Precisamos “vender” todo o nosso apego e seguir Jesus na radicalidade.
E para isso, todos são convidados – ricos e pobres
Ir Teresa Cristina Potrick, ISJ

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