segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Salomé e a cabeça de João Batista


Salomé e a cabeça de João Batista

“Dá-me aqui num prato a cabeça de João Batista”.
     João Batista pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das sandálias. Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo.

        João Batista, o precursor do Messias morre por ser fiel à sua missão e denunciar a injustiça dos poderosos.

       Herodes manda prender João e o acorrentar na prisão por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, que ele desposara. Porque João dizia a Herodes: “não te é permitido ter a mulher de teu irmão”...

Por isto, Herodíades ficou furiosa, encheu-se de raiva e ódio contra João Batista e queria vê-lo morto, mas não podia, pois Herodes temia João, sabendo que era homem justo e santo, e o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora porém ficasse embaraçado quando o escutava... Comportamento ambíguo. Como poderia escutar com agrado alguém que o tratava por imoral e perverso?

       Mas, chegou o dia propício, quando Herodes por ocasião do seu aniversário, deu um banquete a seus dignitários, aos seus oficiais e às grandes   personalidades da Galileia, a filha de Herodíades, Salomé, apresentou uma dança insinuante  e Herodes extasiado, maravilhado com esta apresentação, sem pensar, faz um juramento: promete-lhe dar o que pedisse ainda que fosse a metade do seu reino. Ao ouvir tal proposta, Salomé vai depressa consultar sua mãe sobre o que devia pedir.

         Herodíades estava focalizada em uma só coisa: João Batista tinha que morrer. Surgiu agora a oportunidade de consegui-lo através do pedido da filha, e disse-lhe: “A cabeça de João Batista”.  A toda pressa ela retornou à presença do rei e lhe pediu: “Quero que me dês imediatamente, num prato, a cabeça de João Batista”.

         O tetrarca deve ter tido motivos muito mais graves para mandar prender alguém tão popular e estimado pelo povo, dado o risco implicado nesse ato.

· Lá bem no fundo não estaria Herodes com medo de perder o poder, medo que João ocupasse o seu trono, uma vez que era muito estimado pelo povo?

· Herodes era prepotente... a vida é dom de Deus e cabe unicamente a ele dispor de uma vida.

· Demonstra dupla personalidade... gostava de ouvi-lo mas continuava na dele.

· Promessa precipitada ... foi como se desse um cheque em branco.

· Covarde – Não voltou atrás na promessa para não perder o prestigio, junto aos convivas da festa.

· Herodes Antipas dificilmente teria podido pronunciar a frase «dar-te-ei ainda que seja a metade do meu reino», tal como está no Evangelho, porque não tinha “reino”, mas “tetrarquia”.
       O papel de João Batista como um precursor do Messias o colocou numa posição de grande privilégio, descrito como “muito mais do que profeta”, como não havendo ninguém maior do que ele. Nenhum homem jamais cumpriu este objetivo dado por Deus melhor do que João. 
     · Será que por vezes,  bem lá no fundo do meu coração, sem chegar a extremos, não tenho as mesmas atitudes de Herodes e Herodíades?
      · Diante de alguém que me censura, questiona, ou aponta alguma falha, não desejo que a pessoa seja eliminada, afastada  do meu convívio?
        ·    No meu trabalho, na minha missão, não tenho receio, de que alguém me faça sombra ou ocupe o meu lugar?

       Pense um pouco nisso enquanto ainda é tempo...
    
    Senhor,  dá-me a retidão, a intrepidez e a coragem de João Batista, para como ele dizer a verdade a quem quer que seja e a denunciar as injustiças que percebo em meu meio, sem me acovardar diante das possíveis consequências que poderão advir.
                                                   Ir. Teresa Cristina Potrick, ISJ                

domingo, 23 de agosto de 2015

Camelo e fundo de uma agulha



Camelo e fundo de uma agulha

“É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico
entrar no Reino dos Céus” (Mt 19 24).

                Estamos diante de um dos discursos duros de Jesus.  O que significa “camelo” e “agulha”? Uma das conclusões a que chegaram os estudiosos era de que “camelo” em grego, significava uma corda grossa com que se amarravam os barcos.
Foi uma tradução equivocada devido a semelhança das palavras: Gamal = camelo em Hebraico. Gamala = corda em Aramaico.
            E a agulha? Dizem que agulha era uma pequena porta nos muros da cidade e os viajantes ao chegarem durante a noite, deixavam os camelos do lado de fora do muro e passavam abaixados por essa porta, porque as outras portas que os camelos usavam ficavam fechadas durante a noite, devido ao perigo de assaltos e roubos.  Essa pequena porta deixada para as pessoas entrarem era impossível ser usada por um camelo.
            O que Jesus querida dizer com a expressão “passar um camelo pelo fundo de uma agulha?  Essas palavras são uma expressão proverbial semelhante a muitas outras usadas no mundo antigo para significar que “era impossível”.
            O propósito de Jesus era levar seus discípulos a entender a completa impossibilidade de alguém, semelhante ao jovem rico, ser salvo enquanto ainda apegado às riquezas. O problema não está na riqueza em si, mas sim, no apego indevido a elas. Mas, quando o ser humano aceita o convite à renúncia de si mesmo, aquilo que é “impossível aos  homens”, se torna possível ao poder transformador da graça divina.
            Seja como for, as palavras nos dizem muitas coisas da comparação de Jesus. Ele queria deixar bem claro que para os ricos, a dificuldade é ainda maior para se alcançar a plenitude da vida, pois para um camelo atravessar o buraquinho da agulha é impossível.
            Devemos entender, hoje, que Jesus se referia às dificuldades apresentadas a uma pessoa apegada, que acumulava bens em excesso. Nos nossos dias, essa passagem pode ser estendida a todos aqueles que não conseguem se livrar de suas maldades, das coisas que estão apegados, sejam eles ricos ou pobres.
            Muitos pobres também são egoístas e avarentos, por isso, não devemos ser maldosos e cruéis com ninguém. Precisamos “vender” todo o nosso apego e seguir Jesus na radicalidade.
E para isso, todos são convidados – ricos e pobres
Ir Teresa Cristina Potrick, ISJ