Perdoar
e esquecer
Nosso coração é o centro da afetividade, das
emoções. O perdão é a ponte que nos permite passar das trevas para a luz, da
penumbra para as cores, da tristeza para a felicidade, da angústia para a paz.
O perdão é o segredo da felicidade.
O
ato de perdoar é uma coisa, mas a arte de esquecer é outra. Trata-se de
processo humano que pode ser facilitado pela prece, pela reflexão e talvez pelo
aconselhamento.
De
acordo com a imagem que você tem no coração é o seu relacionamento, são suas
relações com as pessoas. Boas imagens produz boas reações e bom relacionamento. A imagem dolorosa provoca reações
negativas, agressivas e um relacionamento difícil.
É
muito comum a frase: “Perdoo, mas não
esqueço”... De fato, perdoar é difícil. É preciso ir além, muito além das
fraquezas humanas para se perdoar. Há momentos em que você pára e o pensamento
volta a feri-lo, a fazer-lhe mal, porque sua memória recapitula aqueles maus
momentos, memoriza aqueles instantes que magoaram seu coração, com palavras e atitudes agressivas, tratamento
injusto, etc.
Tudo
volta à tona e isto causa preocupação:
Você busca uma conciliação entre perdoar e esquecer, e não encontra. Por
isso, Deus colocou o perdão como condição para sermos perdoados (as).
Quando
perdôo estou empenhando toda a minha capacidade de compreender, de entender;
toda a minha vontade de passar por cima de algo que me atingiu em meu melhor patrimônio
– a sensibilidade.
Como
entender: perdôo, mas não esqueço?
Se
você se lembrar do fato com mágoa, ódio e revolta contra o perdoado, é sinal evidente
que o perdão não foi dado. O perdão foi dado apenas para uso externo, para
tranquilizar sua consciência, seus princípios e até mesmo para salvar as aparências.
Perdoar
não significa esquecer, pois não sofremos de amnésia; vamos nos lembrar sim do
fato, mas já não carregado de raiva, emoção, paixão. O que aconteceu, aconteceu;
está no livro da vida, registrado para sempre, aconteça o que acontecer, haja o
que houver.
Esquecer?
Sim, no sentido de que não releia amargamente aqueles capítulos que você sabe
que englobam acontecimentos infelizes. A cura de uma cefaléia não é completa se
você fica revivendo, se você continua remoendo espiritualmente a dor de cabeça
curada. Você está fazendo algo parecido com a criança que, tendo ganho uma
moeda para substituir a que perdera, chorava agora porque não tinha duas... Dizemos
que perdoamos, mas continuamos questionando o perdão, disfarçando a nossa
intransigência sob a forma e a máscara
de memória, de lembrança.
Outro
exemplo: mandamos pintar uma parede de novo uma parede que está suja, não
podemos a todo o momento, continuar nos incomodando com a mancha que já foi
apagada pela pintura. Ou, imagine alguém que depois da absolvição da pena,
ainda tivesse de cumprir o restante da sentença pelo perdão; alguém que depois
de anistiado, fosse para a cadeia.
Trocando
de lugar e de posição. Imagine que fosse você o perdoado (a) e, volta e meia,
lhe fosse lembrado o seu erro, rememorada a sua falta, lhe fosse exigindo de novo o pedido de desculpas.
Será que você se sentiria absolvido (a)? Ou você se consideraria sempre culpado
(a)?
Outro
aspecto importante deste assunto: esquecer não significa necessariamente
perdoar. Sem a experiência do perdão, o esquecimento pode ser a maneira de
evitar lidar com a dor de ter sido ofendido. Enterrando nossos sentimentos de
mágoa nos impedimos de verdadeiramente chegar ao perdão. O esquecimento jamais
será possível, se não vivenciarmos e reconhecermos a mágoa, e depois atravessarmos
a luta e a satisfação de perdoar.
É
preciso ter cuidado com as pessoas que dizem rapidamente: “Esqueça o assunto”.
Quando as pessoas simplesmente esquecem, geralmente elas estão varrendo os
pensamentos negativos para baixo do tapete e isto pode ser muito perigoso. Os
sentimentos negativos enterrados se manifestarão
de forma negativa em outro momento.
Jesus
é o mestre dos ensinamentos espirituais, bem como o médico do comportamento
humano. Ele diz: “Segui-me. Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Eu sou a luz.
Convida-nos a segui-lo emocional e espiritualmente.
Deus
trabalha a condição humana, mas espera que tentemos cooperar da nossa maneira,
compreendendo e utilizando as dimensões psicológicas e espirituais da nossa
vida. Assim, nos ajudaremos a pôr em prática o que Deus quer para cada um (a)
de nós, nossa santificação,
de forma completamente humana.
Reelaborado: - Ir. Teresa Cristina Potrick, ISJ