sábado, 10 de agosto de 2013

Deus é Pai




   Deus é Pai 
                                   Pe. Fábio de Melo
Quando o sol ainda não havia cessado seu brilho,
quando a tarde engolia aos poucos
as cores do dia e despejava sobre a terra
os primeiros retalhos de sombra
Eu vi que Deus veio assentar-se 
perto do fogão de lenha da minha casa.

Chegou sem alarde, retirou o chapéu da cabeça
e buscou um copo de água no pote de barro
que ficava num lugar de sombra constante.

Ele tinha feições de homem feliz, realizado
parecia imerso na alegria que é própria
de quem cumpriu a sina do dia e que agora
recolhe a alegria cotidiana que lhe cabe.

Eu o olhava e pensava: 
Como é bom ter Deus dentro de casa!
Como é bom viver essa hora da vida
em que tenho direito de  ter um Deus só pra mim.
Cair nos seus braços, bagunçar-lhe os cabelos,
puxar a caneta do seu bolso 
e pedir que ele desenhasse um relógio
bem bonito no meu braço...

Mas aquele homem não era Deus,
aquele homem era meu pai.
E foi assim que eu descobri 
que meu pai com o seu jeito finito de ser Deus
revela-me Deus
com seu
jeito infinito de ser homem.



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