segunda-feira, 22 de julho de 2013




Deus não se cansa de perdoar
                             Olhar diferente
        
Katsushika – 1760 a 1849 – famoso pintor japonês, foi um apaixonado pelo monte Fuji Yama. Toda sua obra gira ao redor desta montanha sagrada. Ele não teve receio de gastar dois anos de trabalho na pintura, num vaso, do majestoso panorama do Fugi.
            Foi sua obra mais famosa. Mas num belo dia um descuido derrubou o vaso. Com extremo cuidado, recolheu os pedaços e recompôs sua obra. Para evitar que  as rachaduras  aparecessem, ele colocou um fio de ouro em cada emenda. O vaso ficou mais bonito após o desastre.

            Num dos seus primeiros pronunciamentos, o Papa Francisco declarou: Deus jamais  cansa de nos perdoar, nós é que esquecemos de pedir perdão. A missão de Jesus na terra foi a de reconciliar os homens com Deus.

            Paulo, apóstolo exorta aos discípulos deixai-vos reconciliar com Deus ( 2 Cr 5, 20 ). A iniciativa é de Deus, cabe a nós acolher o perdão generoso que tem o aval do sangue de Cristo. Tudo o que Deus faz é do seu jeito. E o seu jeito é de ser infinito. Esta lógica o perdão é infinito. Mais do que perdoar pecados, Deus perdoa a pessoa. Judas e Pedro têm algo em comum: a traição. O que distingue um do outro é a atitude posterior. Enquanto Pedro chorou amargamente seu pecado, Judas não acreditou na misericórdia e enforcou-se. Foi depois da tríplice traição que Pedro, por três vezes, declarou amor ao Mestre e tornou-se o primeiro Papa. Judas queimou a chance de tornar-se um santo extraordinário.

            Um grande missionário capuchinho, Frei Bernardino de Vilas boas, falecido em 1985, costumava dizer: Deus tem mania de perdoar... Na cruz, na dureza da agonia, Jesus não esquece sua prioridade: ” Pai, perdoai-lhes. Eles não sabem o que fazem“ ( Lc 23, 34).

            O pecado está presente mesmo na vida dos grandes santos. Um exemplo clássico é o de santo Agostinho. Ele deixou a memória de seus pecados em seu livro Confissões. São Francisco de Assis recorda, sem grande preocupação mas com extrema confiança, o tempo em que estava em pecado. É verdade também que outros santos seguiram o caminho iluminado da perfeição.

            Deus não quer o pecado, mas ama o pecador. O próprio pecado se torna fecundo quando nos ensina alguma coisa, sobretudo a confiar no Pai.

            O Salmo 50, atribuído a Davi, um rei pecador, por três vezes garante que Deus apaga o nosso pecado.
            E como o artista Hokusai, ali, ali onde existiram grandes rachaduras, ele coloca o fio de ouro do perdão e da possibilidade de recomeçar.
                                      
                           Aldo Colombo










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