Deus não se cansa de perdoar
Olhar diferente
Katsushika – 1760 a 1849 – famoso pintor
japonês, foi um apaixonado pelo monte Fuji Yama. Toda sua obra gira ao redor
desta montanha sagrada. Ele não teve receio de gastar dois anos de trabalho na
pintura, num vaso, do majestoso panorama do Fugi.
Foi
sua obra mais famosa. Mas num belo dia um descuido derrubou o vaso. Com extremo
cuidado, recolheu os pedaços e recompôs sua obra. Para evitar que as rachaduras
aparecessem, ele colocou um fio de ouro em cada emenda. O vaso ficou
mais bonito após o desastre.
Num
dos seus primeiros pronunciamentos, o Papa Francisco declarou: Deus jamais cansa de nos perdoar, nós é que esquecemos de
pedir perdão. A missão de Jesus na terra foi a de reconciliar os homens com Deus.
Paulo,
apóstolo exorta aos discípulos deixai-vos reconciliar com Deus ( 2 Cr 5, 20 ).
A iniciativa é de Deus, cabe a nós acolher o perdão generoso que tem o aval do
sangue de Cristo. Tudo o que Deus faz é do seu jeito. E o seu jeito é de ser
infinito. Esta lógica o perdão é infinito. Mais do que perdoar pecados, Deus
perdoa a pessoa. Judas e Pedro têm algo em comum: a traição. O que distingue um
do outro é a atitude posterior. Enquanto Pedro chorou amargamente seu pecado,
Judas não acreditou na misericórdia e enforcou-se. Foi depois da tríplice
traição que Pedro, por três vezes, declarou amor ao Mestre e tornou-se o
primeiro Papa. Judas queimou a chance de tornar-se um santo extraordinário.
Um
grande missionário capuchinho, Frei Bernardino de Vilas boas, falecido em 1985,
costumava dizer: Deus tem mania de perdoar... Na cruz, na dureza da agonia,
Jesus não esquece sua prioridade: ” Pai, perdoai-lhes. Eles não
sabem o que fazem“
( Lc 23, 34).
O pecado está
presente mesmo na vida dos grandes santos. Um exemplo clássico é o de santo
Agostinho. Ele deixou a memória de seus pecados em seu livro Confissões. São Francisco de Assis recorda, sem grande
preocupação mas com extrema confiança, o tempo em que estava em pecado. É
verdade também que outros santos seguiram o caminho iluminado da perfeição.
Deus
não quer o pecado, mas ama o pecador. O próprio pecado se torna fecundo quando
nos ensina alguma coisa, sobretudo a confiar no Pai.
O
Salmo 50, atribuído a Davi, um rei pecador, por três vezes garante que Deus
apaga o nosso pecado.
E
como o artista Hokusai, ali, ali onde existiram grandes rachaduras, ele coloca
o fio de ouro do perdão e da possibilidade de recomeçar.
Aldo Colombo
Nenhum comentário:
Postar um comentário