ALGEMAS DO DESPREPARO
O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você. ( Mario Quintana)
É incrível a capacidade humana de frustrar-se com as situações, das menores contrariedades aos grandes problemas conseguimos extrair algum tipo de lamentação. Em outras espécies animais, uma dificuldade encontrada é apenas mais um obstáculo a ser enfrentado, entre tantos outros na luta pela sobrevivência.
Isso ocorre, por que nós humanos costumamos nutrir um elevado nível de expectativa em torno das pessoas e dos fatos. Sempre esperamos que o outro seja simpático e cooperativo ou, que os nossos projetos na vida atinjam excelentes patamares de sucesso e reconhecimento.
No entanto, quando a realidade chega e temos que lidar com o que de fato as pessoas são e as situações nos devolvem, nem sempre recebemos o esperado.
Com isso surgem as frustrações que não deveriam ser tão conflitantes, mas sim, construtivas experiências de vida. Só que elas nos abatem, nos fazem muitas vezes crer que a vida não é lá essas coisas, que o mundo não nos valoriza! E por quê? Porque nós também alimentamos um elevado nível de expectativas em relação a nós mesmos, não conseguimos lidar com a nossa própria humanidade, com as nossas limitações.
Assim, criamos um ciclo vicioso de imaturidade. Por exemplo, é bastante comum ouvirmos pessoas dizerem que quando estão muito ansiosas comem mais ou, quando estão muito nervosas com alguma situação no trabalho, acabam extravasando em outros profissionais o seu descontrole. Nessa hora surge o mesmo raciocínio das pessoas que vão em liquidações: “Já que está barato, vou levar mais esse produto”, ou seja, “já que algo deu errado que se dane! Vou comer, vou brigar, vou me descontrolar, já que está tudo uma porcaria mesmo!”
Nesse exato momento você se torna refém de você mesmo, da sua insanidade, da sua incapacidade de crescer e enfrentar as vicissitudes de frente. Assim, somos algemados por nós mesmos, deixamos de atrair o que desejamos e passamos a atrair o que está em sintonia com o nosso próprio desequilíbrio.
E assim, recitando uma vez mais o genial Mário Quintana, narro mais um pensamento seu: “Esta vida é uma estranha hospedaria, de onde se parte quase sempre às tontas, pois nunca as nossas malas estão prontas e a nossa conta nunca está em dia.”
Portanto, cuide bem do seu momento atual, procure deixar as suas malas repletas de utensílios importantes, cuide porém para não levar bagagem extra, como situações ou conflitos mal resolvidos . Viva, não lamente. Até a próxima semana.
Lígia Guerra
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