José, uma vida escondida
São José: um excepcional. Não
se fala muito a seu respeito, mas é necessário conhecê-lo bem, porque tem
muitas coisas a nos ensinar.
É muito importante descobrir
este mistério de José, filho de Davi, de coração real, mas que faz somente
pequenas coisas., inserido num bairro, numa sinagoga.
Nada grandioso, eu diria sem nenhum carisma, nada de
milagres, em mesmo de cura. Algo muito
pequeno, em uma vida comunitária muito cheia de amor.
Quando Jesus dizia: “Que todos
sejam um como meu pai e eu somos um” ele
poderia ter dito também: “Que vocês sejam um como nós três, Maria. José e eu,
somos um”. José viveu esse modelo de família, de comunidade. Se alguém viveu
esta unidade de Jesus e de seu Pai, esse é José e também Maria. Eles são, pois,
modelo de unidade, muito concreto, muito enraizado.
Uma
confiança total os unia entre si, e um amor, uma ternura, uma confirmação. Muito
inseridos no seu vilarejo, nada de especial distinguia a não ser uma qualidade
no aspecto e uma qualidade de acolhimento. Viveram as beatitudes, não falaram
apenas. Tudo o que disse, ele viveu e José trabalhava. É um homem conhecido por
seu trabalho numa pequena aldeia sem importância, Nazaré; “que pode vir de bom de Nazaré" indaga Natanael, o intelectual.
Uma
vida comunitária de trinta anos, muito escondida; ninguém os conhecia. Uma
qualidade de ternura e de amor nada grande, tudo muito pequeno. E, no entanto,
naquela época havia os zelotes, havia toda espécie de pessoas descontentes com
os romanos, etc. Havia pessoas que tinham sofrido muito.
Mas
José, eu credito, pode ensinar-nos muitíssimo a respeito de “como viver o pequeno”, não como um refúgio diante dos sofrimentos e
as lutas do mundo, mas como um meio para todos nós participarmos destes
sofrimentos. Porque se formos fiéis, se
vivermos a aliança, se formos fiéis àquele que é pequeno e pobre, como José era
fiel, então, o que fizermos terá sentido para todos os que sofrem no mundo.
Se somos fiéis a uma pessoa que sofre, somos
fiéis a cada homem, a cada mulher no mundo. Porque os encontramos ali,
precisamente, onde têm necessidade de serem levantados. Por isso, então,
aconselho-os ardentemente a conhecer José.
Jean Vanier.
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