quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Deus é Pai




DEUS É PAI
Quando o sol ainda não havia cessado o brilho,
 quando a tarde engolia aos poucos as cores do dia e
 despejava sobre a terra os primeiros retalhos de sombra, 
eu vi que Deus veio assentar-se 
perto do fogão de lenha de minha casa.
Chegou sem alarde, retirou o chapéu da cabeça e
 buscou um copo de água num pote de barro 
que ficava num lugar de sombra constante.
Ele tinha feições de homem feliz, realizado.
 Parecia imerso na alegria 
que é própria de quem cumpriu a cena do dia e que 
agora recolhe a alegria cotidiana que lhe cabe.
Eu olhava e pensava como é bom ter Deus dentro de casa, 
como é bom viver esta hora de vida
 em que tenho o direito de ter um Deus só pra mim, 
cair em seus braços, bagunçar-lhe os cabelos, 
puxar a caneta de seu bolso e pedir que ele desenhasse
 um relógio bem bonito no meu braço.
Mas aquele homem não era Deus.
 Aquele homem era o meu pai . 
E foi assim que descobri que o meu pai,
 com seu jeito finito de ser deus,
 revelava-me 
Deus com seu jeito infinito de ser homem.
                                            Pe. Fábio de Melo