“Eu sou a voz que grita no deserto”
João é o “homem enviado por Deus”, o profeta, que testemunha e anuncia a chegada do Messias. Ele é como a sentinela que aguarda o sol despertar para gritar que o dia chegou. Ele veio como testemunha para dar testemunho da luz. Ele não era a luz, mas veio para ser testemunho da luz.
Todos nós podemos ser como João Batista: testemunhas, discípulos(as) e missionários(as) de Jesus Cristo.
“Eu sou a voz que grita no deserto: endireitai os caminhos do Senhor” (Jo, 1 23).
“Eu sou a voz...” Sua voz está a serviço de Jesus. Não é uma voz que se exalta que se eleva, que louva a si mesmo.
O Advento nos convida a descer para a nossa interioridade, isto é para dentro da minha realidade, da “câmara do tesouro”. A voz revela a identidade da pessoa. A voz revela aquilo que o nosso interior está cheio.
Contemple as maravilhas que o Senhor realizou em você, em sua história e no mundo em que você vive. Deixe fluir em sua lembrança, experiências significativas em sua vida. Elas poderão servir de força, de coragem, incentivo para deixar transparecer a sua beleza interior que é única e irrepetível.
É necessário criar um clima interno para saborear e deixar-se acarinhar pela presença de Deus. Significa encontrar-se e encantar-se com o seu Senhor... uma vez que já fomos encontrados(as), alcançados(as) e aos poucos, vamos sendo transformados(as)...
Abrir espaço no coração, para que o Espírito Santo reze no intimo, é transformar-se em tocha de luz, que ilumina o caminho para Deus e para as necessidades dos irmãos.
São muitas as vozes que nos tocam e nos constituem. Às vezes, elas ressoam em nós como brisa suave, outras vezes ressoam como vendavais e tempestades, destruindo, arrasando, sufocando o entusiasmo da pessoa, afundando ainda mais, quem está no momento precisando de um estímulo, de uma palavra, de um novo elã para continuar seu caminho.
Há vozes que constroem e outras que destroem, umas comunicam calor e luz, outras que semeiam frieza, umas que infundem confiança e restituem o indivíduo a si mesmo e ao seu futuro, outras que o arrasam.
Voz descentrada ou voz centrada em si mesmo? Voz que fala de si mesmo ou voz aberta à realidade? Nossa voz está a serviço de quê? De quem? É voz que eleva e salva o outro, ou voz que critica, afunda? É voz que aponta para um sentido? Somos “voz de quem não tem voz”?
Nós, você, eu , todos fomos chamados(as) a ser “microfone de Deus”. Como João Batista, fomos chamados (as) a ser voz que anuncia e denuncia... “Voz daqueles que ninguém ouve”, “voz que anuncia a presença de Deus” pelos caminhos por onde passa... Voz de Deus nem sempre escutada; voz que hoje parece estar em silêncio. Voz de Deus que está ali, apontando para o novo, e parece que ninguém quer escutar. Contudo, nada o faz calar; sua presença irrompe por toda terra, expande a Voz da vida.
Texto bíblico que pode iluminar: Jo 1,6-8.19 – 28.
Algumas questões poderão ajudar em nossa oração ou reflexão:
· Você está atento (a) ao que fala, o modo como fala, o tom e os sentimentos que sua voz expressa?
· Você consegue distinguir sua voz em contextos diferentes? É a voz que eleva ou que arrasa? Voz que acalenta ou voz que julga? Voz que anima ou afunda?
· Você deixa “ressoar” a Voz de Deus em sua voz?
O Batista quer ser nosso companheiro, animando-nos a uma nova vida, renascida pela conversão e pelo desejo de deixar para trás aquilo que nos afasta do outro e que nos torna indignos de desatar as correias das sandálias do Senhor. Sejamos como João, vozes que clamam no deserto dos corações humanos, proclamando, com firmeza de fé, que o Senhor se faz presente entre nós!
Ir. Teresa Cristina Potrick, ISJ