quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ser humano é se aceitar terra



Preparar o “espaço sagrado” para o seu encontro com a Trindade Santa. Aquiete seu coração e mente, procure desligar-se de seus afazeres. Respire lenta e profundamente algumas vezes. Invoque o Espírito Santo para que Ele ilumine e conduza sua experiência de oração.
Graça a pedir: - Olhar para si mesmo/a, retornar à própria terra através da escuta dos animais interiores para uma maior abertura para o Absoluto.
Composição de lugar: - Pela imaginação acompanhar ainda Jonas no ventre do grande peixe, refletindo, alargando seus limites, abrindo seu coração para acolher a luz de Deus. (Jn 2, 1 – 11).

I. Ser humano é se aceitar terra:
A palavra “húmus” quer dizer terra. Uma pessoa humilde é uma pessoa que se aceita como terra, como argila. Ser humano é se aceitar terra. Os “ninivitas”, na riqueza do seu espírito, de suas convicções, talvez tivessem se esquecido de que eram “terra”, de que eram pó. Converter-se é voltar-se para a terra.
A conversão não é, simplesmente, voltar-se para Deus; o texto de Jonas vem comprovar, mas voltar-se para a terra, retornar aos limites. Ir a Deus não significa sair de seus limites, mas abrir, alargar seus horizontes. Para ver a luz de um quarto nem sempre é necessário sair dele, basta abrir a janela.
Os ninivitas voltam-se para a terra, retornam ao essencial, aceitam seus limites. E é do fundo de seus limites que invocam a Deus. É no mais profundo de sua humanidade que eles reencontram o seu Criador.
Para ir a Deus não é necessário tornar-se menos humano, pelo contrário, é preciso tornar-se mais humano. Retornar à nossa humanidade, à nossa natureza, à nossa natureza terrestre, animal, é também nos aproximarmos de Deus.
É deixar a presença do Espírito descer até o templo do nosso corpo, ao templo do nosso espírito, ao templo de nossa humanidade.
Nínive se arrepende. Retorna à sua verdadeira natureza através do jejum, através da nudez, através do retorno à terra, através da escuta dos “animais” interiores e através da prece. Prece que outra coisa não é se não uma abertura para o SER Absoluto.

II. Abertura para o Absoluto:
Prece que é uma escuta deste lugar em nós mesmos de “onde venho e para onde volto”. Com este olhar sobre si mesmo/a não se é mais importuno para os outros.
O que é pedido à Nínive, não é a prática do amor, mas é primeiramente parar de importunar os outros.
Jonas é uma pessoa muito humana; vimos como diante da missão fugiu. Vimos como ele quer ficar deitado, como prefere o sono, mais dormir do que saber, mais dormir do que se conhecer.
Esta recusa de se conhecer a si mesmo, de aderir a este movimento de mais vida em nós provoca redemoinhos no exterior.

III. Convite a olhar de frente as sombras:
Chega-se a um ponto em que não se pode mais fugir, não se pode mais mentir, nem contar estórias. Somos obrigados a sermos autênticos. Não podemos mais fugir. O mergulho interior como fez Jonas, é um convite para em nosso mergulho interior, tomar consciência de nossas sombras e limites, do nosso ser terra, amá-lo, olhá-lo de frente e dar-lhe novos rumos. Através do mergulho interior, Jonas reencontrou o seu centro; encontrou no coração o seu “Eu”... a presença do Criador.
“Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”
Converse com Jesus, a respeito de suas sombras, de seus limites, de seus medos; que ele ilumine, conduza, mostre onde e como começar... Ele quer que você tenha mais vida.
Terminada a oração, reveja brevemente como se saiu nela, perguntando-se:
• O que mais me tocou nesta oração?
• Que sentimento predominou em mim?
• Senti algum apelo, desejo, inspiração?
• Tive alguma dificuldade ou resistência?

Agradeça ao Senhor as iluminações e toques recebidos e percebidos durante esta sua experiência de oração, renove sua fidelidade a Jesus. Reze um Pai-Nosso ou outra oração que você goste; registre no seu caderno-vida aquilo que ficou mais forte em seu coração.

Ir. Teresa Cristina Potrick,ISJ